sábado, 5 de março de 2011

Noite de Walpurgis



Todo segredo asfixiado procura ar na escuridão.

Toda prisão tem um subterrâneo de liberdade por onde se esgueiram o proibido e o possível, o medo e o desejo, o real e o imaginário, o amor, o ódio, a loucura.

Em espelho. Em choque. Em celebração. Em comunhão: cúmplices e adversárias, duas carnes percorridas pelo mesmo sangue constroem as regras de um exercício para a morte.








Tendo origem nas tradições pagãs de celebração à chegada da primavera na Europa, a noite que dá título ao espetáculo foi acusada pela Igreja de ser dedicada à magia e ao culto do diabo, embora fosse, na realidade, uma festa de alegria dramática. Noite de Walpurgis. Noite de  todos os demônios, onde jogam fragmentos dramatúrgicos e literários de José Triana, John Ford, William Shakespeare, Bruno Schulz, Jean Genet e Raduan Nassar; entrelaçados às Vagas Estrelas da Ursa, de Luchino Visconti, East of Eden, de Elia Kazan e, finalmente, à idolatria de James Dean e Marilyn Monroe: fotos, performances, palavras... Chegamos a desejar o mundo inteiro: nem um palmo de terra a menos.